O que é o PETI?
Programa de erradicação
do trabalho infantil da cidade de João Pessoa. Este é um pograma do governo
federal que tem como objetivo retirar as crianças e adolescentes de 7 a 15 anos
e 11 meses de idade do trabalho que põe em risco a sua saúde e desenvolvimento.
Para além da erradicação, este programa também tem como objetivo o retorno,
permanência e o bom desempenho na escola; fomentar, incentivar e ampliar o
conhecimento destas crianças/adolescentes em desenvolvimento através de
atividades desportivas, culturais e artísticas; e o apoio, orientação, a capacitação
e a geração da renda das famílias destas crianças/adolescentes visando à
devolução da responsabilidade na manutenção do grupo familiar.
Quem são os beneficiários do programa?
Crianças e
adolescentes oriundos de famílias com renda “per
capita” de até meio salários mínimo.
Como funcionam as ações deste programa?
As ações são
constituídas por núcleos de 4 horas, de segunda-feira à sexta-feira, sob
orientação de monitores.
Evolução histórica do PETI
2001: proposta de trabalho que vem sendo desenvolvida peça
Universidade Federal da Paraíba através do Núcleo de Pesquisas e Estudos sobre
o desenvolvimento da Infância e Adolescência (NUPEDIA).
2001 -2003: foco das ações foi a formação de agentes de direitos
humanos para atuarem no combate ao trabalho infantil
2003 - 2004: o foco foi a pesquisa nas instituições onde trabalham os
referidos agentes.
2004: foco foi a extensão com famílias através de um balcão de
direitos
2005: continuidade à formação dos agentes de direitos humanos
2008 - 2010: o foco das atividades tem sido as crianças e os
adolescentes atendidos nas atividades socioeducativas, antiga Jornada Aplicada
do PETI, através do Programa de Bolsas de extensão (PROBEX).
Entre os anos 2001 e 2005, a pesquisa
identificou:
- Falta de formação e
capacidade de pessoal para atuar nesta área, sendo o conhecimento acumulado
aplicado a profissionais e em organizações não-governamentais atuando em
atividades indiretas de combate ao trabalho infantil e de defesa do adolescente
trabalhador;
- As políticas
públicas de combate ao trabalho infantil não conseguiam viabilizar a sua
erradicação.
- PETI diminuía mas
não erradicava o trabalho infantil.
Assim, tendo em conta
todos estes aspetos, desse de 2008 até2010, professores e estudantes de
psicologia do núcleo PETI, desenvolveram uma experiencia de extensão. Esta foi
atuada em crianças/adolescentes e teve como objetivos:
1. Principal objetivo: potencialização
2. Objetivos específicos: desnaturalizar o trabalho infantil,
contribuir para a formação da cidadania de crianças e adolescentes retiradas do
trabalho infantil, desenvolver com eles uma cultura de protagonismo e formar psicólogos
a partir da atuação da Psicologia Social.
Ferramentas teóricas
1. Educação em direitos humanos
ou em cidadania: campo específico de
pesquisa e de intervenção com objeto, método, bibliografia própria e um amplo e
articulado movimento nacional de educadores.
2. Protagonismo juvenil: ações cujos próprios atores são os próprios jovens. Assim,
através das atividades do PETI, tentaram que os jovens fossem participativos,
pensassem sobre as suas realidades, tornassem conscientes e reivindicassem a
garantia dos seus direitos.
3. Educação popular e os
direitos humanos: áreas parceiras da
Psicologia social que passou por algumas ruturas e avanços no seu andamento
histórico através desta psicologia, surgiu a Psicologia Comunitária sendo a sua
atuação nas comunidades parte pela problemática da realidade vivida por essas,
tendo como base, o desenvolvimento da consciência dos moradores como sujeitos
históricos e comunitários, com o desenvolvimento de ações em termos de educação
popular. Assim, esta ação extensiva é desenvolvida com base na Psicologia comunitária tendo
como atuação psicológica. Tem como objetivo
agir com o homem como sujeito ou ator capaz de transformar a sua realidade.
As ferramentas usadas na experiência
A metodologia do
projeto de extensão é a tomada emprestada da educação popular, e visa a
construir conjuntamente o trabalho, considerando-se as experiências expostas
pelos envolvidos.
Etapas:
1. Apresentação da
proposta a crianças e adolescentes e solicitação da sua autorização;
2. Realização de um
acordo de convivência, escolha das temáticas que serão desenvolvidas, oficinas
com os temas acordados, avaliações e reconstrução da proposta, conversas
informais com as crianças e adolescentes e encontros com os vários atores a
partir das “discussões” que emergem nas atividades (oficinas ou conversas) com
as crianças e adolescentes.
Desenvolvimento e procedimento das atividades
Os estudantes de
psicologia encontravam-se com elas uma
vez por semana nos dois núcleos (PETI é composto por dois núcleos/grupos de
crianças e adolescentes) fazendo uso da ferramenta da oficina que trabalhava-se
com literatura, escrita, música, filmes, fotografia, desenhos, o estatuto da
criança e do adolescente (estas crianças e adolescentes que estavam expostas ao
trabalho infantil tinham a consciência de que não tinham quaisquer direitos e
sofriam de violência e com isto, PETI tinha como o objetivo de alterar estes
aspetos.), conversas em círculos, conversas com pequenos grupos e jogos e brincadeiras.
Para além disto,
estas crianças e adolescentes tinham oficinas
semanais com formato flexível adaptadas ao seu contexto quotidiano.
Etapas: dinâmica, apresentação de um tema gerador,
problematização, reflexão, identificação de possibilidades de ação e adoção de
ideias, tendo também, em cada núcleo, tempo para brincar.
As temáticas tratadas variavam de núcleo
para núcleo surgindo com a convivência, mas de modo geral eram: direitos
humanos e cidadania, escola, violência, trabalho infantil, perspetivas de vida
e protagonismo, adolescência, diversidade (racial e sexual), cultura, arte,
comunidade e história de um dos núcleos.
As ações também
“atingiam” outros atores, como a coordenação PETI, as coordenações dos núcleos,
os monitores, as famílias, as escolas, e as Redes Intersectoriais ou Socio
assistenciais (saúde, educação e assistência social) localizadas nos bairros
onde ficavam os núcleos. Com as coordenações, os monitores, a família, a escola
e a rede usavam a ferramenta das reuniões (de planeamento, articulação e
avaliação) ocorrendo semanal, mensal ou quinzenalmente. No caso das famílias
usaram, também, a ferramenta visitas domiciliares que ocorriam semanalmente.
Também há um encontro
semanal entre os estudantes e a coordenadora do projeto para o planeamento de
atividades, avaliações, relato da oficina semanal em cada núcleo, estudos de
textos, momentos de problematização, reflexões e orientações.
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